Esta não é uma lenda, mas sim uma história verídica. Dizem que havia uma senhora que andava doente e que recorreu a várias formas de cura e uma delas foi recorrer a uma pessoa que diziam ter "poderes". Nessa forma de cura recomendava-se a leitura do livro de S. Cipriano. Então logo puseram em prática tal plano. A senhora entrou em crise e os presentes que eram vários acharam que a senhora estava possuída pelo demónio e que ele tinha que ser morto. Mas como fazê-lo? A solução que encontraram foi de o queimar, só que acharam que se pusesse a senhora no fogueira o matavam, mas depois de lhe chegarem o lume a senhora é que foi morta. Esta história só tem justificação por causa da ignorância, obscurantismo, isolamento da localidade ao mundo exterior e crendice. No entanto o peso desta morte foi carregado muitos anos pelas pessoas envolvidas e ainda é carregado pelos habitantes. Ainda hoje se diz que o Marco é a terra do mata e queima.
Uma linda manhã, quase ao nascer do sol, um lavrador pobre, passando pelo penedo do meio dia, na freguesia de Soalhães, na estrada para Eiró, viu o penedo aberto e, dentro dele, uma mulher muito formosa e deslumbrantemente vestida de ouro. Como não era medroso, aproximou-se da moura e ela perguntou-lhe:
— Onde vais?
— Vou regar - respondeu.
— Pois vai e toma este pão de quatro cantos; guarda-o por forma que ninguém veja e, daqui a um ano, volta cá que eu te darei a felicidade.
Foi o lavrador para casa e guardou o pão numa arca, trazendo sempre a chave consigo. Isto bastou para despertar a curiosidade da mulher que, desconfiada, e aproveitando a ocasião em que o homem foi para uma feira, arrombou a caixa e viu, com espanto, que o que o marido guardava tão preciosamente era um simples pão.
Parti-o pelos cantos e viu, com terror, que brotava sangue desse pão. Quando o homem chegou, contou-lhe o caso e pediu a explicação daquele mistério.
— Destruístes a nossa felicidade - respondeu ele unicamente.
E passado o ano foi expor o caso a moura, ouvindo o seguinte:
— Bem sei que não tiveste culpa, mas isso não impede que fiques desgraçado e sem as riquezas prometidas. Esse pão era a burrinha em que eu tinha de sair daqui ao terminar o meu encanto, e a tua mulher, partindo-o partiu-lhe as pernas e eu nunca mais poderei quebrar o meu fadário
No lugar da Pena, em Soalhães, a lenda julga existirem tesouros encantados, guardados por uma moura, a qual se diverte, castigando aqueles que tentam explorar essas riquezas, causando-lhes, a meio da operação, um terror tal, que a diarreia os impede de prosseguir nas escavações começadas.
Feliz Natal......